sábado, 23 de agosto de 2014

Nem todas as rosas tem perfume!

(Petrônio) Confesso que sempre tive dificuldades com a reação das minhas emoções (Até penso em voltar a fazer terapia pra trabalhar um pouco mais disso), e a minha razão muitas vezes fala mais alto. Não foi diferente quando fui surpreendido com a notícia de ser pai... Aliás, na minha vida, tudo é muito surpreendente, mas essa notícia me deixou atônito, e demorei um tempo pra digerir a notícia, pra entender o que aconteceria comigo e com meu relacionamento... Não me sentia pronto... Quando um casal planeja se unir começa a organizar as finanças, a estudar as propostas de compra de casa ou de apartamento, entre outras coisas, e eu... não tinha N-A-D-A! Um berço, uma fralda, uma mamadeira...Nada! E isso tudo me fez pensar se estava pronto, se valeria a pena, se era assim que devia ser... E entre pensamentos e reações, deixei o meu companheiro só...  Já não sabia se éramos namorados, casados, amigos...

(Gilberto) Eu sou muito intenso em minhas coisas. E com meu filho não iria ser diferente.
Sempre desejei e esperei por esse momento e faria tudo novamente para estar com ele nos meus braços, mesmo que eu ficasse sozinho. E realmente fiquei. Durante os primeiros 15 dias de vida do meu pequeno, aprendi a dormir por apenas 2 horas, a acordar de madrugada num lugar desconhecido para fazer seu leite, a dar banho, a trocar fralda, a acalentá-lo... Tudo isso sem ninguém ao meu lado... Apenas o meu bebê... Ouvi pessoas me dando apoio, como também pessoas dizendo que era a maior loucura da minha vida, que eu iria me arrepender, que cuidar de um filho não era a mesma coisa que cuidar de um cachorro (e eu tinha 4 fox paulistinha), e eu sabia que não era, mas desejei, fui e enfrentei tudo com bastante dificuldade, mas o olhar dele, o sorriso dele e o apoio dos meus familiares me deram força pra continuar... Até pensei em voltar pra minha terra, mas o amor que nos une falou mais alto.

(Nós dois) Ter que mudar de casa, montar um novo lar, se desfazer dos cachorros, contratar babá, deixá-lo aos cuidados de outras pessoas, readaptar o nosso relógio biológico com os horários dele se acordando na madrugada, chorar junto quando era dia de vacina, entre outras coisas foram alguns dos dissabores que passamos juntos, afinal nem todas as rosas tem perfume! Mas, a receptividade dos amigos, as visitas e a preocupação dos mais próximos, os presentes recebidos em cada mensário foram nos dando ânimo, força e alegria pra levantar a cabeça e construir nossa família a base de muito amor e verdades. Afinal, o amor é a maior verdade na arte de cuidar dos nossos filhos. Boa semana a todos!

domingo, 10 de agosto de 2014

Tempo de fazer a barba!

Dizem que uma criança precisa da figura materna e paterna para ser uma criança feliz, saudável e afetivamente estável. E os filhos de casais homoafetivos, como serão? Infelizes? Doentes? Afetivamente instáveis?

(Petrônio Gama) Na minha história, não tive a presença do meu Pai ao longo dos processos fundamentais e importantes da minha vida... Meus primeiros passos, minhas primeiras palavras, andar de bicicleta, jogar bola, ter um time pra torcer, ir a um estádio, fazer a barba, entre outras coisas que só Pai faz com seus filhos eu não experimentei... E não foi essa ausência que me fez procurar os braços de um outro ser semelhante a mim para viver junto... A nossa vida não é determinada pelas ausências, mas sim pelas emoções e sentimentos que somos regados ao longo dela! Já vi muitos amigos homoafetivos que sempre tiveram o Pai presente e vivenciaram a maioria das ações que citei acima e mesmo assim o desejo de estar com alguém do mesmo afeto falou mais alto! Com meu filho? Quero estar presente em cada momento dele! Todos os que não passei com o meu e os demais que vierem!

(Gilberto Barros) Eu fui criado em um sítio... Aprendi desde cedo a ajudar meus pais na roça, a subir em pé de árvore, a comer a fruta direto no pé, a fazer minhas travessuras e principalmente a respeitar meus pais... Não tenho do que reclamar da minha infância. E por ser o mais velho, minha mãe me ensinou a cuidar dos mais novos... É assim que funciona na maioria das casas no interior... Crianças sendo cuidadas por outras crianças... E a vida sempre vai sempre seguindo esse ritmo de dar lições mais cedo pra uns e mais tarde para outros. Com meu filho será da mesma forma... Ele vai aprender desde cedo o que é bom, o que é ruim, e não vejo a hora dele fazer as suas travessuras!

Sim! Passamos por experiências distintas, mas com apoio dos nossos pais, familiares e amigos, superamos nossas dificuldades e hoje desejamos tempo... Tempo para fazer dele a criatura mais feliz e realizada, mesmo que a presença materna não esteja presente constantemente. Nós acreditamos que ser pai é muito mais que gerar uma nova vida, é também cuidado, carinho, partilha, aprendizado, amor... É família! Feliz Dia dos Pais!

sábado, 2 de agosto de 2014

Pelas reticências para chegar às vírgulas!

Se há um ano alguém me perguntasse se eu queria ser pai, a resposta seria um talvez, quem sabe, ou ainda um possível "não" pudesse sair da minha boca... Apesar de já estar vivendo com ele há 5 anos e meio, e de já saber que ele queria muito adotar uma criança, eu sempre fiz planos para um futuro muito longe do presente... Talvez por medo do meu passado, ou de incertezas dentro do meu peito...
Hoje? Não vejo a hora dele me chamar de PAPAI!




Sim! Eu sempre quis ser pai! Mesmo sabendo que não seria fácil, esse era um dos meus grandes sonhos e hoje eu me sinto realizado. A chegada de Pedro não foi algo que eu esperava, mesmo esse sendo um dos momentos mais esperados por mim... Passei por algumas dificuldades, mas em nenhum momento me passou na cabeça desistir! A cada novo dia, eu descubro novas formas de amá-lo e fazê-lo feliz! 


Aprender a cuidar, acordar na madrugada, acalentar, ver seu sorriso, seu olhar, seu choro, estar com ele e viver para ele são ações que estamos aprendendo a lidar no dia a dia... E sabemos que não é todo dia que novas famílias compartilham suas experiências abertamente com os que estão na rede, mesmo sabendo que existem já várias experiências como a nossa!

Muito prazer, somos Petrônio e Gilberto! Começando a escrever nossas descobertas, aprendendo a lidar com a paternidade!